Todo gateiro já viveu esse momento: você chama, sacode o pote de ração, revira o sofá… e nada. O gato sumiu. E adivinha? Está enfiado embaixo da cama ou dentro do guarda-roupa, ignorando solenemente o mundo.
Mas quando esse hábito de se esconder deixa de ser “coisa de gato” e começa a sinalizar um problema? Vamos entender isso juntos — com carinho, ciência e um olhar clínico.
O comportamento de se esconder é natural?
Sim. O gato doméstico (Felis catus) é um predador, mas também é uma presa em potencial na natureza. O comportamento de buscar refúgio e permanecer oculto é um traço ancestral que garante segurança e economia de energia.
De acordo com a etóloga e veterinária Dra. Sarah Ellis, esconderijos são estratégias naturais dos gatos para lidar com estímulos aversivos, especialmente em ambientes novos ou estressantes. Estudos mostram que a oferta de abrigos reduz níveis de cortisol em gatos hospitalizados (Kry & Casey, 2007).
Então, esconder-se nem sempre é um problema. O importante é saber quando deixa de ser um comportamento saudável e passa a ser sintoma.

Quando se preocupar?
Se o seu gato sempre foi sociável e, de repente, passa a evitar contato e se esconde constantemente, é hora de investigar.
Sinais de alerta:
- Mudança súbita no comportamento de interação;
- Esconderijo prolongado e fora da rotina;
- Recusa alimentar ou ingestão reduzida de água;
- Uso incorreto da caixa de areia;
- Agressividade defensiva ao ser tocado;
- Vocalizações diferentes ou ausência delas.
Alterações comportamentais são os primeiros sinais de dor em felinos, já que gatos tendem a mascarar sintomas físicos até o estágio avançado da doença.
Causas comportamentais e emocionais
1. Estresse e ansiedade
Mudanças na rotina, obras em casa, novos pets ou até um móvel novo podem gerar insegurança. Gatos são altamente sensíveis a alterações ambientais.
Dica: manter uma rotina previsível, criar esconderijos estratégicos e investir em feromônios sintéticos pode ajudar bastante.
2. Medo ou trauma
Gatos que passaram por experiências negativas associam estímulos (pessoas, sons, locais) com ameaça. A resposta é a evitação, como defesa emocional.
3. Ambiente pobre em estímulos
Poucos arranhadores, falta de enriquecimento ambiental, ausência de interações positivas… tudo isso leva à apatia e à reclusão.
Causas físicas e médicas
- Dor crônica: artrose, abscessos dentários, ou até desconfortos gastrointestinais podem fazer o gato buscar silêncio e escuridão;
- Doenças sistêmicas como insuficiência renal, hipertiroidismo ou pancreatite costumam alterar o comportamento;
- Infecções virais, como PIF ou leucemia, também geram prostração e isolamento.

Segundo a AAFP (American Association of Feline Practitioners), qualquer mudança no comportamento deve ser avaliada clinicamente, pois gatos raramente demonstram dor de forma vocal ou evidente como os cães.
O que fazer?
- Observe o contexto: aconteceu algo novo no ambiente?
- Registre a frequência: está se escondendo todo dia? Por quanto tempo?
- Avalie se há outros sintomas: alimentação, eliminação, pelagem, interação.
- Consulte um veterinário especialista em felinos.
Aqui no 4Cats, hospital veterinário exclusivo para gatos em São Paulo, contamos com um ambiente 100% adaptado para atender gatinhos com menos estresse, luz baixa, sem cheiro de cachorro e com abordagem catfriendly.
Além disso, oferecemos acompanhamento comportamental e clínico integrado, para entender se o problema é físico, emocional ou ambos.
Se esconder faz parte da alma felina. Mas um gato que vive isolado, evita contato e muda seu comportamento precisa ser ouvido, e observado com olhar clínico e empático.
Gateiro e gateira: vocês são os melhores sensores de mudança que o seu gato pode ter. Se algo parece estranho, confie no seu instinto e procure ajuda especializada.